Aquilo que a gente mais teme não raramente já aconteceu! Especialmente em traumas é preciso frisar, o que se teme já aconteceu. E o temor é constituinte da ambivalência, tememos algo na medida em que há alguma tendência a nos aproximarmos. Como um ciumento que persegue o cônjuge para poder VER o fato que causa tanto horror.
Essa ambivalência é constituinte do ser humano, em geral todo objeto de desejo também nos assombra de alguma forma. Algo conhecido é ao mesmo tempo confortável e enfadonho, e algo novo é ao mesmo tempo atrativo e amedrontador em variados graus.
O acontecimento traumático já aconteceu, o trauma vai nos assombrar na sua repetição, repetição da qual somos nós os patrocinadores. O medo está direcionado ao futuro, mas a situação geradora desse afeto está no passado, o medo está no passado, e o medo é de algo que pode ser também fonte de algum gozo. Por isso repito, o medo é só uma face da nossa ambivalência constituinte.