Gira em torno de si mesmo, repete exatamente as mesmas faixas, as mesmas falas, e até os riscos fazem falhar sempre os mesmos versos.
Repetição com erro e tudo. E não mudamos o disco quando aprendemos a gostar dos riscos, nos acostumamos com os erros, esperamos que falhe naquele exato ponto. Tanto que se não falha é que a gente se supreende.
Um disco riscado, falho, acumulando riscos e defeitos, insuficiente para reproduzir com perfeição. Mas que segue repetindo e girando em torno do próprio eixo. Assim é o modo de ser das pessoas. Seus riscos e até seus quebrados se tornam caros amigos, e quando as falhas somem, quando a falta não existe mais, tudo fica desregrado.
A falta é essencial, ela organiza o desejo. A falta precisa existir, mas precisa ser suportável. Sem falta acontece o desespero pela busca de algo que já se tem. E quando a falta fica insuportável, aí vem o sintoma, o sofrimento, aí se joga o disco contra a parede.