Querer o outro sempre feliz é uma coisa de louco… quer dizer… de neurótico mesmo. Querer o outro sempre feliz é uma forma de sofrer, daquelas tetantivas que estão fadadas a falhar em algum momento. E o neurótico às vezes quer mesmo o fracasso.
O outro parece esquisito, quieto e reflexivo. O outro não está normal, como sempre é. Afinal, o outro é o quê? O que ele mais mostra? O que a gente mais vê? Ou é o que ele mais esconde? Ou é só o que projetamos nele? “Ele não é assim”. Se ele não está assim agora como podemos saber como ele é. Se afirmamos que o outro é da forma como ele não está sendo agora temos o paradoxo. E o paradoxo é o modo neurótico de se relacionar.
Não há premissa absolutamente confiável de que o outro seja como vemos, ou como já vimos antes. Só há o que falamos sobre o outro. Só há o outro falado. O outro real é inacessível.
O outro falado é uma pequena parte do outro real, mas cheia de eu, cheia do eu de quem fala. E quando o outro falado é incongruente com o outro real há dois caminhos: ou refinar a forma como se fala o outro, ou sofrer se apegando a uma só forma de falar o outro.